Açores: visitar São Miguel, roteiro pela ilha verde

Em pleno oceano Atlântico encontramos os Açores, um arquipélago português composto por 9 ilhas. São Miguel é a ilha maior, onde se localiza Ponta Delgada, a capital e a maior cidade do arquipélago.

Este artigo sobre a ilha de São Miguel foi selecionado para o artigo “Os melhores blogs portugueses de viagem”, publicado pela editora educativa Twinkl =)

Ilha verde à vista…

Clima em São Miguel

É impossível começar a escrever este roteiro sem antes falar do clima e dar uma dica de ouro que poderá fazer toda a diferença na visita à ilha.

A primeira coisa que terá de perceber e ter em consideração é a rapidez com que o tempo muda. Não é à toa que tanto se diz que em São Miguel é possível ter as 4 estações no mesmo dia e ao longo do ano. Tão depressa está a chover como o sol já brilha e aquece bem.

Talvez por isso não haja nenhuma época do ano em que a visita não seja aconselhada. É provável  que nos meses de inverno haja mais ocorrência de chuva e nos de verão haja mais períodos de sol, mas a verdade é que a chuva, as nuvens e o sol existem durante todo o ano.

Em cada estação do ano, a visita à ilha pode ser muito bem aproveitada, quer seja para relaxar nas suas águas termais, para refrescar com mergulhos no mar ou para caminhadas e trilhos no meio da natureza e paisagens incríveis. E o melhor? Com sorte, poderá conciliar isto tudo durante a sua visita.

Miradouro Pico do Ferro, São Miguel, Açores

Segunda chamada de atenção para o facto de as nuvens adorarem dançar e quando se aproximam, alguns dos melhores miradouros ficam…invisíveis! Não pense que isto só lhe acontece a si e já que não poderá mudar o tempo é possível fazer-lhe uma “finta”.

O tamanho da ilha de São Miguel permite percorre-la de uma ponta a outra em cerca de 90 minutos. Se numa zona está a chover, noutra poderá estar sol e através da seguinte dica poderá contornar o tempo de forma a ir ao encontro das melhores condições meteorológicas.


Dica do Tamanho do Mundo: instalar a aplicação spotAzores ou consultar este site para, antes de iniciar a visita, consultar as condições meteorológicas dos locais que pretende visitar. Desta forma, é possível ver os locais mais visitados da ilha em tempo real e via webcams. (Isto é válido para várias ilhas dos Açores).

Como exemplo, tinha programado visitar a Lagoa do Fogo logo no primeiro dia pois ficava perto dos outros locais que iríamos visitar, contudo, através das webcams verifiquei ao longo do dia que se encontrava constantemente encoberta por nuvens estando a lagoa quase invisível. Isto sucedeu-se no dia seguinte até que no final do penúltimo dia, quando já estava a dar a visita a esta lagoa como perdida, verifiquei na aplicação que o tempo estava a melhorar nessa zona até que a lagoa ficou visível. Fizemos um desvio na rota e conseguimos vê-la perfeitamente!

Transportes em São Miguel

Embora haja transportes públicos para se deslocar entre as regiões da ilha, não será fácil conseguir visitar os melhores locais. A deslocação mais eficaz é de carro e para isso alugamos um carro para os 5 dias com a empresa Autatlantis através do site Rentalcars. Mais uma vez, o aluguer correu muito bem e como previsto. O carro era recente, com potência normal e ficou por 45€ para os cinco dias e porque esta viagem foi reservada com pouca antecedência. A viagem que teria acontecido em abril de 2020 (cancelada pela pandemia) tinha sido reservada com alguma antecedência e o aluguer do carro para os 5 dias tinha ficado nessa altura por 25€.

O carro permitiu-nos percorrer praticamente a ilha toda, de uma ponta à outra, sem dificuldades nas subidas/descidas e em combustível gastámos cerca de 50€. Utilizámos o GPS do Google Maps que está bem atualizado e nos levou sempre ao local pretendido.

Roteiro para visitar São Miguel

Miradouro da Boca do Inferno, São Miguel, Açores

Em São Miguel, há muito a explorar e visitar e com este roteiro está assegurado o que a ilha de melhor tem a oferecer. Por isso, aqui fica uma sugestão de roteiro por São Miguel com as dicas dos locais a visitar e as experiências mais marcantes.
Este roteiro foi realizado em 4 dias e organizado mais ou menos por zonas da ilha de forma a rentabilizar o tempo (e o combustível também), tendo sempre como ponto de partida o centro de Ponta Delgada, onde ficámos alojados.

Não terá de seguir obrigatoriamente esta sequência de dias até porque o roteiro foi sendo ajustado e realizado de acordo com as previsões do tempo para a nossa estadia na ilha, seguindo a lógica de deixar os miradouros mais bonitos para quando o tempo estivesse melhor. Foi por isso que só visitámos as Sete Cidades e os melhores miradouros no 3º dia e aproveitámos os dias mais encobertos para usufruirmos das águas termais e das zonas em que a vegetação é mais densa e não há  grande problema de o dia estar mais cinzento ou a chover. Se tiver possibilidade, não arrisque e não deixe o melhor para o fim.

Fazem parte da paisagem e, por toda a ilha, vai encontrá-las em pastos verdejantes. Não dá para resistir a fotografar as “vacas felizes”.

– DIA 1 –

No primeiro dia poderá começar a visita pela região centro da ilha tendo como ponto mais alto a Lagoa do Fogo em direção à costa Norte e passagem pelos seguintes locais de interesse:

  • Caldeira Velha

A Caldeira Velha consiste numa reserva natural classificada como Monumento Natural da Caldeira Velha onde se encontrará rodeado de vegetação exuberante, biodiversidade e 3 poças termais que lhe farão uma introdução à origem vulcânica da ilha.

Reserve algum tempo para este local pois certamente vai querer usufruir das suas águas termais aquecidas naturalmente e ladeadas com muros de pedra. A menor atinge os 38ºC e a maior os 21ºC. No local, existem cacifos, vestiários e chuveiros.

A visita pode ser de duas formas e é distinguida através da cor de uma pulseira e do preço do bilhete: apenas visitar a reserva ou visitar e banhar-se nas poças termais. O tempo máximo de permanência é de 2horas.

Dica do Tamanho do Mundo: aconselho a começar o dia pela Caldeira Velha, que devido às restrições pela Covid-19, vê o seu número de visitantes restringido. Fomos cedo e comprámos o bilhete no local onde aguardámos apenas cerca de 15minutos para poder entrar. Pouco tempo depois da nossa chegada a fila de espera para entrar já era longa.

Dica do Tamanho do Mundo: usar um fato de banho mais antigo ou, de preferência, escuro para reduzir as manchas alaranjadas provocadas pelos minerais da água vulcânica.

Clique aqui para mais informação sobre o horário e preçário.

  • Cascata Salto do Cabrito

Relativamente próxima da Caldeira Velha, encontrará a Cascata Salto do Cabrito com 40metros de altura. O acesso à cascata é através de uma estrada de terra batida e com acentuada inclinação, por isso, tenha em atenção o carro e as condições climatéricas que podem tornar o acesso mais difícil. No entanto, é possível deixar o carro num local um pouco mais distante, mas acessível e percorrer a última parte do trajeto a pé. Estará sempre em contacto com a natureza.

Junto à cascata há um trilho pedestre com escadas, devidamente assinalado, que lhe permite subir ao topo da cascata onde se dá o “Salto do Cabrito”.

  • Lagoa do Fogo

É um dos locais mais bonitos da ilha, mas também um dos mais difíceis. Situada numa cratera com 30metros de profundidade, é a lagoa mais alta da ilha (cerca de 575metros) e a segunda maior. Pode ser alcançada através de uma caminhada de 30min ou contemplada apenas do alto através de um dos vários miradouros que a rodeiam. O mais conhecido é o Miradouro da Lagoa do Fogo, mas antes de lá chegar, bati de frente com a lagoa através do Miradouro do Pico da Barrosa e fiquei logo rendida com a perspetiva que nos proporciona.

Miradouro do Pico da Barrosa

Dica do Tamanho do Mundo: além de consultar primeiro o tempo na aplicação spotAzores, quando alcançar este local, se a área de observação estiver envolvida por nuvens e neblina, cruze os dedos e tenha um pouco de paciência. Aguarde algum tempo pois é incrível a rapidez com que o tempo muda em São Miguel. Mesmo num dia ensolarado, podem existir nuvens a encobrir a lagoa.

Dica do Tamanho do Mundo: o trilho pedestre que nos leva até junto da lagoa exige calçado adequado. Poderá nadar nesta zona.  

  • Plantações de Chá Gorreana

A plantação de chá Gorreana é a mais antiga e, atualmente, a única plantação de chá da Europa. Além dos seus extensos campos, alberga a Fábrica de Chá Gorreana, uma empresa familiar que opera desde 1883.

Aproveite para passear calmamente, percorrer os seus estreitos caminhos e fazer parte desta paisagem única com vista para o oceano Atlântico. A visita à fábrica é gratuita e inclui degustações onde poderá conhecer a evolução desta produção enquanto saboreia uma chávena de chá. Há produtos à venda no café dentro da fábrica.

  • Miradouro de Santa Iria

De regresso a Ponta Delgada, é impossível não parar o carro e espreitar este bonito miradouro, muito próximo da estrada principal. Localizado numa ravina acima do mar, oferece uma vista fantástica sobre a baía de Santa Iria e a costa norte da ilha.

  • Praia de Santa Bárbara

Antes de terminar o dia e de passagem pela zona da Ribeira Grande, pode relaxar no areal extenso da praia de Santa Bárbara com o som do mar a embater nas suas rochas vulcânicas.

Dica do Tamanho do Mundo: a areia das praias de São Miguel é escura e, por isso, em exposição ao sol absorve bem o calor e torna-se muito quente. Caminhar na areia pode exigir precauções.

Um dia que pode ser percorrido com alguma tranquilidade e terminar com um passeio noturno pelo centro e marina de Ponta Delgada.

– DIA 2 –

No segundo dia, se o tempo estiver bom, rume em direção à parte ocidental da ilha repleta de encantos:

  • Lagoas das Sete Cidades
Lagoa Azul e Lagoa Verde

Quando pesquisamos na internet por São Miguel ou até mesmo Açores é a imagem das Sete Cidades que mais aparece, por isso, é indiscutível, é o seu cartão postal. As Sete Cidades constituem-se uma das 7Maravilhas Naturais de Portugal e no seu centro há duas lagoas, uma verde, outra azul, separadas por uma ponte. Neste meu post do instagram poderá conhecer a história que explica a cor diferente das duas lagoas.

Mas, antes de aqui chegar, comece a manhã pelo “alto” com uma roadtrip pelos inúmeros miradouros que privilegiam esta paisagem impressionante.

As Lagoas das Sete Cidades podem ser apreciadas a partir de vários pontos em que cada um oferece uma nova e maravilhosa perspetiva. Comece a manhã pelo Miradouro Vista do Rei.

  • Miradouro Vista do Rei

O miradouro Vista do Rei é o mais conhecido e o seu nome deve-se ao facto de, a 6 de julho de 1901, ter recebido a visita do Rei D. Carlos I e da Rainha D. Amélia. Um miradouro seguro, com boa infraestrutura, que nos apresenta de imediato as Sete Cidades e as duas lagoas com a sua paisagem envolvente.

Junto a este miradouro encontram-se as ruinas do antigo hotel Monte Palace que, segundo muitos, tem a melhor e mais ampla vista sobre as Sete Cidades. É possível entrar e subir até ao telhado, contudo, embora muitos o façam, tenho de alertar que isto não é suposto pois há placas a mencionar que não é permitida a entrada a visitantes e que se tratam de ruinas abandonadas que podem colocar em risco a vida.

Antes de continuar a descer em direção às Sete Cidades, faça um desvio para a direita em direção à Lagoa do Canário.

  • Lagoa do Canário

A Lagoa do Canário está inserida dentro de um parque, o mesmo que dá acesso ao Miradouro da Boca do Inferno. A entrada neste parque e o estacionamento são gratuitos até à presente data.

Dica do Tamanho do Mundo: É possível entrar a qualquer hora através de um percurso pedestre. Coloque no GPS “Lagoa do Canário”. Este vai conduzi-lo até a uns portões que, por vezes, se encontram fechados e não permitem a passagem de carros. No entanto, do seu lado direito irá encontrar um descampado que funciona como um espaço para estacionamento grátis. Dirija-se a pé até aos portões e entrará facilmente pelas laterais pois é permitido. Apenas limitaram a entrada de carros. Muitos visitantes, acabam por não conseguir alcançar a Lagoa do Canário nem o Miradouro da Boca do Inferno pois não sabem que é através deste portão e que o podem fazer sem problema algum.

Desde o portão até à Lagoa do Canário será uma curta caminhada em que também terá que descer umas escadas pelo meio das árvores, mas está tudo muito bem sinalizado.

Já junto à lagoa, terá o prazer de ver mais um belíssimo espelho da natureza, rodeada por plantações de criptomérias.

A lagoa rodeada de criptomérias
  • Miradouro da Boca do Inferno

Quando voltar a subir, desde a Lagoa do Canário, vire à esquerda e siga as placas numa caminhada de cerca 1km e meio até ao Miradouro da Boca do Inferno, também conhecido como o Miradouro da Grota do Inferno.

O caminho é quase todo em terra batida, mas até linear. Contudo, a última parte do percurso é que poderá ser um pouco mais exigente pois contempla uma subida irregular, mas que não é nada de especial, até porque, por lá vi carrinhos de bebé.

Este espaço florestal apresenta uma extraordinária riqueza botânica e, por isso, está inserido numa zona classificada como Paisagem Protegida.

Não pondere muito a visita a este miradouro que se distingue de todos os outros. Quando pensamos que caminhamos em direção à boca do inferno, no final da subida é como se chegássemos ao céu e quase que podemos nas nuvens tocar. O nome não faz juz à paz que aqui se sente, onde reina o paraíso em toda a sua imensidão e permite-nos apreciar um conjunto de lagoas (Lagoa Rasa, Lagoa de Santiago e Lagoa Azul) inseridas numa paisagem verde que contrasta com o azul do mar como pano de fundo.

Lagoa Rasa – Lagoa de Santiago- Lagoa Azul

Vai sentir-se envolvido pela cratera vulcânica e por uma paisagem montanhosa de 360graus.

À chegada a este miradouro a paisagem encontrava-se quase totalmente encoberta por nuvens e neblina, mas em minutos foi incrível como esta se revelou para nós e conseguimos vê-la na perfeição.

  • Miradouro do Cerrado das Freiras

Regresse novamente em direção ao Miradouro Vista do Rei, mas agora, pouco antes de lá chegar, vire à direita e comece a descida, a caminho da freguesia das Sete Cidades, onde encontrará este miradouro, junto à estrada, com mais uma perspetiva panorâmica das Lagoas das Sete Cidades.

Na minha opinião, um dos mais bonitos pois dá-nos uma maior proximidade visual e permite visualizar bem a grandeza da lagoa verde e da lagoa azul e a forma como se distinguem e são divididas pela ponte que as atravessa.

  • Miradouro da Lagoa de Santiago

Continue a descer e, em 300metros, encontrará à face da estrada o Miradouro da Lagoa de Santiago onde poderá ver mais de perto esta doce lagoa.

  • Sete Cidades
Igreja de São Nicolau

Aproveite para almoçar nesta freguesia, passear pelo seu centro e descansar nas margens das lagoas. Visite a bonita igreja de São Nicolau percorrendo a sua avenida arborizada.

Perto desta igreja encontrará o restaurante São Nicolau, onde fomos buscar o nosso almoço e almoçámos na praça em frente, pois durante a nossa visita à ilha apanhámos os restaurantes fechados devido às restrições pela pandemia. Boa comida a preços acessíveis. Uma pausa para relaxar após o almoço e dissemos adeus às Sete Cidades em direção à costa ocidental.

  • Ponta da Ferraria
Ilha Vulcânica – parte 3

Tendo em atenção as condições marítimas, pode aproveitar para usufruir das piscinas naturais e geotérmicas da Ponta da Ferraria. Um espaço único, situado na base de um enorme penhasco de rocha de lava em que a piscina natural se abre para o oceano e cria uma mistura de água quente e fria. Mais um marco da ilha que nos relembra a sua origem vulcânica.

  • Praia dos Mosteiros

Para terminar o dia em grande, nada melhor do que acompanhar o pôr-do-sol na praia dos Mosteiros com uma bebida ou até mesmo um gelado. E quem sabe até um mergulho no mar.

Dica do Tamanho do Mundo: a areia das praias de São Miguel é escura e, por isso, em exposição ao sol absorve bem o calor e torna-se muito quente. Caminhar na areia pode exigir precauções.

– DIA 3 –

No terceiro dia da visita a São Miguel voltamos a priorizar o relaxamento nas suas águas vulcânicas, mas desta vez, o rumo é a zona das Furnas com um saltinho até ao Nordeste.

Na freguesia das Furnas vai poder ver como os habitantes vivem ao lado de 30 nascentes termais e géiseres (nascentes termais que entram em erupção), cada um com diferentes temperaturas e composições químicas. Nesta zona, o ar está literalmente cheio de enxofre.

  • Miradouro Pico do Ferro

O início do dia começa com mais uma bela paisagem. O miradouro Pico do Ferro é aquele que nos permite ter a melhor perceção da dimensão da Lagoa das Furnas.

Se possível tente gerir a visita a este miradouro para quando o tempo estiver favorável e com alguma visibilidade. Não tivemos muita sorte com este miradouro pois estava muito encoberto. Ainda aguardamos algum tempo mas a chuva, embora passageira, não colaborou.

  • Caldeiras do Vulcão das Furnas

Muito próximo do Parque Terra Nostra, no centro da freguesia das Furnas, vai encontrar cerca de 30 caldeiras com diferentes composições químicas e temperaturas que variam entre os 70º e os 100ºC. Esta zona agradável é percetível ao longe pelas suas fumarolas e mais uma manifestação da atividade vulcânica da região das Furnas. Nenhuma barreira de segurança deve ser ultrapassada.

  • Parque Terra Nostra
Ilha Vulcânica – parte 6

Com uma extensão de 12 hectares, o Parque Terra Nostra é considerado um dos mais belos jardins da Europa, com vegetação exuberante, árvores diferentes, lagoas e uma enorme piscina térmica.

Nada melhor que começar a manhã no meio da natureza com um belo passeio pelo incrível Parque Terra Nostra e relaxar na sua piscina termal férrea. Cheia de minerais essenciais, a fonte térmica aquece a água a 35-40oC.

Infelizmente, o parque só abre às 10h30. O preço do bilhete inclui acesso ao parque, piscina e chuveiros. Para mais informação, clique aqui.

Dica do tamanho do mundo: usar um fato de banho mais antigo ou, de preferência, escuro para reduzir as manchas alaranjadas provocadas pelos minerais da água vulcânica.

Dica do tamanho do mundo: Se durante a sua visita houver previsão de algum dia mais nublado ou ligeiramente chuvoso e tiver flexibilidade de escolha, opte por esse dia para visitar a região das Furnas inclusive o Parque Terra Nostra pois aqui a vegetação é mais densa e não fará tanta diferença o tempo estar encoberto. Além do mais, deve ser maravilhoso disfrutar das águas termais quentes num tempo mais ameno e há quem goste deste contraste com a chuva.

  • Lagoa das Furnas

Situada no vale das Furnas, a casa de dezenas de nascentes termais, fumarolas e géiseres, encontra-se a Lagoa das Furnas, umas das principais de São Miguel. Este vale é uma cratera vulcânica de natureza silenciosa, adormecida desde 1630, ano em que ocorreu a última erupção do Vulcão das Furnas. Devido à extensa população que vive dentro e ao redor da caldeira, este vulcão é considerado um dos mais perigosos do arquipélago.

No final da manhã, aproveite para passear junto à lagoa e desfrutar deste local. Numa das margens da Lagoa das Furnas, ergue-se a Capela da Nossa Senhora das Vitórias, contruída com um estilo neogótico. Dependendo da época do ano, é possível realizar passeios de barco nesta lagoa.

  • Caldeiras na Lagoa das Furnas

É nas Furnas que vai poder experimentar o típico e famoso Cozido das Furnas, que consiste num cozido à portuguesa com carne de porco, vaca, enchidos e vegetais. Diariamente, vários restaurantes localizados nas Furnas enviam os seus cozidos em panelas grandes para serem confecionados nas caldeiras.

Dica do Tamanho do Mundo: A corrida ao cozido é grande, por isso, é aconselhável reservar no dia anterior. Nós experimentámos o cozido do Restaurante Tony´s, o qual aprovámos.

Junto à Lagoa das Furnas, no lado oposto à estrada principal, vai encontrar as fontes termais de caldeiras onde é confecionado este famoso prato local da região. O Cozido das Furnas é preparado e transportado para estas caldeiras onde a panela é colocada dentro de um buraco na terra e, assim, estes preparados são cozidos através do calor do solo geotérmico.

Opte por visitar a lagoa das Furnas por volta das 12horas, altura em que poderá ver os cozidos a serem confecionados nos buracos. Quando se aproximar do local será fácil saber onde fica pois vai ver o fumo a sair do solo. Um caminho pedonal conduz-nos em torno destes buracos e géiseres e permite visualizar de perto.

Nesta região das furnas o solo geotérmico é tão extenso que os moradores fazem o seu próprio cozido num buraco no terreno de casa.

Relativamente ao cozido, muitos gostam, outro nem tanto. Na minha opinião, vale a pena experimentar e era bom. Não sabia nada a enxofre e o sabor era bastante agradável. No fundo, é um prato confecionado com a mão da natureza.

Durante a nossa visita, como os restaurantes estavam fechados devido à pandemia e só funcionavam em regime de take-away, encomendamos o cozido que foi saboreado em modo piquenique. O restaurante providenciou pratos, talheres, copos e guardanapos (tudo já em material reciclável!!). Nas margens da lagoa existem vários locais preparados para piqueniques.

  • Poça da Dona Beija

A Poça da Dona Beija consiste numas instalações termais ao ar livre com 5 piscinas, paisagem tropical, balneários e loja de recordações. Também conhecida como a “Poça da Juventude” ou “Poça o Paraíso”, é a maior referência dos Açores nesta área.

Depois da aquisição do bilhete, à entrada da loja será disponibilizado um cesto para guardar os pertences. Poderá alternar entre as piscinas de diferentes temperaturas, ladeadas por muros de pedra e com jatos de água quente. A qualidade e a temperatura da água férrea não deixa qualquer um indiferente destacando-se do parque Terra Nostra pela sua água cristalina. O tempo de permanência máximo nas instalações é de 1h30minutos.

Dica do Tamanho do Mundo: uma vez que, a Poça da Dona Beija está aberta até à noite, no caminho de regresso, porque não fazer uma paragem aqui e aproveitar o final da tarde para relaxar depois de um dia de visita?!Se estiver alojado nesta zona pode visitar o Parque Terra Nostra num dia e a Poça da Dona Beija no seguinte (ou vice-versa). Caso a visita a esta zona seja curta, pode visitar o Parque Terra Nostra de manhã e a Poça da Dona Beija à tarde ou vice-versa (economiza tempo e combustível). 

Dica do Tamanho do Mundo: se durante a sua visita houver previsão de algum dia mais nublado ou ligeiramente chuvoso e tiver flexibilidade de escolha, opte por esse dia para visitar a região das Furnas inclusive a Poça da Dona Beija e disfrutar das águas termais quentes num tempo mais ameno e até sob a chuva.

Para mais informações sobre preços e horários, clique aqui.

  • Cascata e Parque Natural da Ribeira dos Caldeirões

A visita à Ribeira dos Caldeirões fica a caminho do Nordeste, por isso, é impossível não parar o carro para uma pausa nesta zona. Irá encontrar o Parque Natural da Ribeira dos Caldeirões, uma zona colorida e calma para passear. A principal atração é a grandiosa cascata. Uma queda de água forte rodeada por um belo cenário com muita vegetação e com um toque de cor das suas flores. Este local é gratuito.

  • Vila do Nordeste

Chegar ao extremo da ilha, agora é mais rápido e fácil. A passagem pela vila do Nordeste até ao próximo miradouro, vale a pena para percorrer a Ponta dos Sete Arcos até à Igreja Matriz de São Jorge, ambas arquitetonicamente bonitas. Com as suas palmeiras, esta zona relembra-nos a parte tropical de estarmos numa ilha.

  • Miradouro da Vista dos Barcos

De volta à estrada siga em direção ao Miradouro da Vista dos Barcos. Aqui terá uma bonita vista do oceano com destaque para o primeiro farol implementado nos Açores, o Farol do Arnel, situado na Ponta do Arnel.

  • Miradouro da Ponta do Sossego

Ao caminhar até à Ponta do Sossego será conduzido por um extenso e belíssimo jardim colorido, repleto de flores, que é mantido durante todo o ano. Poderá contemplar uma paisagem marcante, através dos vários terraços de diferentes altitudes. Na época das granjas, estas contrastam lindamente com a encosta verdejante e o mar.

Como já referi anteriormente, este dia pode acabar de uma forma melhor ao aproveitar agora para usufruir das piscinas naturais da Poça da Dona Beija.

– DIA 4 –

O último dia deste roteiro passa por visitar o centro de Ponta Delgada continuando pela costa sul da ilha até Vila Franca do Campo. Se ainda tiver tempo, o desvio até à lagoa do congro é pequeno.

  • Ponta Delgada

Comece a manhã com um pequeno passeio pelo centro da maior cidade dos Açores, Ponta Delgada e atravesse as Portas da Cidade, o seu cartão-de-visita.

  • Ananases Arruda

Não muito longe do centro poderá visitar a plantação de ananases Arruda, com mais de 100 anos de história. Um museu vivo desta cultura que dá a conhecer as fases do seu crescimento. As visitas são gratuitas e diárias (09h-18h/20h).

  • Lagoa do Congro

A Lagoa do Congro é uma das mais belas e primitivas lagoas de São Miguel. Possui um formato circular, com cerca de 500metros, e pode atingir até 16metros de profundidade em alguns pontos. As paredes da cratera vulcânica estão escondidas pelas imensas árvores que rodeiam a lagoa.

O acesso a esta lagoa é feito através de um trilho pedestre de cerca de 30minutos, através de uma densa mata e caminho em terra. Fomos aconselhados a não visitar esta lagoa pois tinha chovido imenso nos dias anteriores e o caminho do trilho estava mais danificado. Se lhe for possível, não hesite.

  • Ermida de Nossa Senhora da Paz

No alto da colina, com vista para Vila Franca do Campo e para o Oceano Atlântico, encontrará esta capela do século XVI, dedicada a Nossa Senhora da Paz, cuja lenda remete para a construção desta capela após a aparição da Virgem Maria a um pastor, numa caverna. Com uma escadaria aos seus pés, esta é uma zona agradável para assistir ao pôr-do-sol sobre o mar.

  • Ilhéu de Vila Franca
Vista para o Ilhéu de Vila Franca

Vila Franca do Campo já foi a principal cidade de São Miguel, mas perdeu este “estatuto”  depois de ter sido quase completamente destruída pelo terramoto de 1552 e nunca mais voltou a ser cidade. Em frente à vila, encontra-se o imperdível ilhéu de Vila Franca que pode ser visitado entre junho e meados de outubro. Uma paisagem Protegida que resultou da cratera de um antigo vulcão submerso e tem apenas 300metros de comprimento. A sua baía fechada torna-se o local ideal para nadar e mergulhar e faz a delícia dos visitantes no verão.

O ilhéu pode ser alcançado através da conexão regular de barcos com a marina de Vila Franca.

Dica do Tamanho do Mundo: 200pessoas é a lotação máxima permitida no ilhéu. Deve garantir o seu lugar e esteja atento ao último horário de regresso do barco. Consultar aqui toda a informação sobre preços, horários e o número de bilhetes disponíveis para o próprio dia.


Onde ficar alojado em São Miguel

A opção para o alojamento foi o centro de Ponta Delgada. Pareceu-nos a melhor ponto de partida para partir à descoberta dos “4 cantos” da ilha. Aquando da nossa visita, São Miguel encontrava-se em confinamento, com os restaurantes fechados (apenas serviam em regime take-away) e recolher obrigatório a partir das 15horas ao fim-de-semana (o que ainda nos comprometeu um dia da visita). Por este motivo, alterámos os nossos planos que passava por ficar num hotel e optámos por alugar um apartamento para podermos estar mais à vontade e gerir melhor todas as refeições. Em Ponta Delgada há mais opção de escolha no alojamento e restauração, sendo o seu acesso mais fácil.

Com reserva através do Booking, ficámos alojados no Apartamento Vista Deslumbrante e a nossa estadia correu lindamente. Além de ter uma vista fantástica para uma zona verde e o mar, tem um acesso excelente, está muito bem equipado e oferece todas as comodidades necessárias, com uma grande sala, cozinha, casa de banho e 2 quartos. A localização é ótima e o Sr. Paulo foi super prestativo e gentil, deixando-nos completamente à vontade. Ainda nos deu algumas dicas valiosas para a visita. Sem dúvida que recomendo.

Dica do Tamanho do Mundo: Caso queira dividir o seu alojamento na ilha em mais do que uma zona, além de Ponta Delgada, a freguesia das furnas é ótima para ficar alojado, uma vez que, é uma zona que merece ser visitada com calma e em mais do que um dia, ficando relativamente mais próxima do outro extremo da ilha, a região do Nordeste.

. . .

Cada vez mais, São Miguel afirma-se como uma excelente ilha para visitar, de fácil acesso e diversos encantos. Não foi apenas uma opção devido à pandemia. Visitar São Miguel foi programado em 2019, mas 2020 não nos permitiu. À terceira tentativa foi de vez e mais do que nunca é aproveitar e ir! Não se vai arrepender.

Deixe um comentário