
Poderia dizer que descobri a minha alma de viajante quando preparei a minha primeira viagem, pelas inúmeras horas em que fico a olhar para o mapa a imaginar possíveis roteiros e a sonhar acordada, nas imensas pesquisas para agarrar uma boa oportunidade ou pelo facto de já estar a pensar noutra viagem quando ainda tenho uma a aproximar-se.
Mas não. Acho que foi no momento em que deixei que as viagens me transformassem como viajante, me abrissem os olhos como cidadã do mundo e passei a aprender muito mais com elas do que simplesmente viajar e colocar um visto nos sítios visitados.
Sim, porque realmente é preciso ter uma verdadeira alma de viajante para perceber a mensagem de pequenos momentos em viajem e aprender em contextos completamente fora da nossa realidade do dia-a-dia a valorizar a sorte que temos. E foi um destes momentos que marcou a minha viagem a Bali e fez crescer esta alma de viajante.
Em Bali, para chegar ao templo Pura Luhur Lempuyang, foram mais de 2h de moto desde o nosso alojamento em Ubud. Se o fazia cá? Acho que não. Mas em Bali fiz, no meio de um tráfego de motos e carros completamente desordenado, muito ao estilo “salve-se quem puder”.

Passamos por caminhos recônditos, campos de arroz, subidas íngremes na montanha e estradas de terra batida. E pelo meio de aldeias mais isoladas foi necessário abastecer a moto, sendo o posto de gasolina, um muro de uma casa à beira da estrada.
Quando parámos, ainda faltava quase 1h para chegar ao templo e surgiu aquela necessidade básica de ir ao wc.

Não haviam cafés ou restaurantes na zona então perguntei à senhora que nos estava a vender o combustível se tinha wc. Achei que a resposta iria ser não, mas foi um sim acompanhado de um enorme sorriso acolhedor. Pediu aos filhos que me indicassem o caminho e as crianças todas contentes lá me levaram.
Basicamente era um barraco exterior com um tanque de água, um pequeno balde e um buraco no chão. À primeira vista, é impossível não ficar surpreendida pela diferença de realidade, mas na verdade era tudo o que precisava e o que mais me marcou foi a felicidade daqueles estranhos por me receberem na sua casa, com tão pouco, mas ao mesmo tempo deram o melhor de si.

Foi impossível não pensar e re-pensar nesta situação e questiono-me se a situação inversa seria igual e se nós, europeus, faríamos o mesmo! Obrigada Balineses, por enriquecerem a minha viagem com pequenos gestos.
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